Perante um planeta que emite sinais cada vez mais alarmantes, a UISG centrou a sua atenção na ligação entre a crise climática e a saúde global. 
A 28 de outubro, a UISG (União Internacional das Superioras Gerais) reuniu especialistas, instituições, organizações religiosas e agentes humanitários no evento "Responder às mudanças climáticas como crise sanitária", com o objetivo de colocar esta emergência, já impossível de ignorar, no centro do debate.

A Irmã Mary John Kudiyiruppil, Secretária Executiva Associada da UISG, destacou o compromisso da vida religiosa feminina com o cuidado da casa comum através da iniciativa "Semeando Esperança para o Planeta". O evento contou também com a participação inicial do ministro Christoph Braner, da embaixada da Alemanha junto da Santa Sé, e da Dra. Giulia Amerio, responsável sénior de saúde da Caritas Internationalis.

As mudanças climáticas e a saúde das pessoas

O Dr. Martin Herrmann, cofundador e presidente da Aliança Alemã para as Alterações Climáticas e a Saúde (KLUG), explicou como as rápidas transformações do planeta afetam concretamente a saúde física, mental e social das pessoas. Como o próprio palestrante afirmou: “Apesar dos alertas ao longo dos anos, agora vemos que o planeta se encontra efetivamente numa situação em que subestimámos os riscos.” Herrmann destacou o valor da ação comunitária e o papel das redes sociais e religiosas na promoção de mudanças significativas nas políticas e nos hábitos diários.

As intervenções do ministro Christoph Brandner e da Dra. Giulia Amerio demonstraram como os fenómenos climáticos extremos afetam diretamente o acesso aos cuidados de saúde e a propagação de doenças, ao passo que Herrmann salientou que a transição energética já está em curso e pode constituir um motor de transformação social quando impulsionada pelas comunidades.

Experiências concretas e soluções locais

O debate incluiu testemunhos de pessoas que trabalham no terreno.
O Dr. Daud Jibon Das, diretor executivo da Caritas Bangladesh, apresentou várias iniciativas concretas: campos de saúde de emergência, habitações resistentes a desastres naturais, culturas resilientes, jardins flutuantes, programas de saúde materno-infantil e apoio nutricional.
Reema Nanavaty, Diretora da Self-Employed Women’s Association of India (SEWA- Associação de Mulheres Trabalhadoras Independentes), partilhou os desafios enfrentados por milhões de mulheres trabalhadoras do setor informal, afetadas por secas, inundações e calor extremo, e apresentou soluções como formação em saúde, telemedicina e modelos comunitários de adaptação para proteger a saúde, o rendimento e a dignidade.

Comunidades de fé e novas alianças para a saúde planetária

O Dr. Francis Kuria, Secretário-Geral da Religions for Peace International (Religiões pela Paz Internacional,), salientou a importância de uma abordagem espiritual que integre o cuidado do planeta em função das pessoas. As intervenções de Maureen Goodman, Diretora de Programas de Brahma Kumaris UK, e da Caritas Internationalis chamaram a atenção para os efeitos das alterações climáticas na saúde mental, sobretudo em comunidades deslocadas, e para a necessidade de incluir as perdas humanas e sociais nos mecanismos de financiamento climático.

A jornada terminou com um apelo ao fortalecimento da colaboração entre instituições, comunidades religiosas, sociedade civil e redes locais, de modo a promover estilos de vida sustentáveis e valorizar as iniciativas surgidas das próprias comunidades. As intervenções finais estiveram a cargo da Irmã Maamalifar M. Poreku, coordenadora do programa "Semeando Esperança para o Planeta" da UISG, tendo a moderação do evento sido conduzida por Giulia Isabel Cirillo, Coordenadora de Advocacy da UISG.

O evento demonstrou como as alianças intersectoriais e inter-religiosas podem constituir um motor fundamental para a saúde do planeta e das futuras gerações.